Ainda temos um sonho


Desde seu início, o cristianismo tende a beatificar - no pior sentido do termo - seus profetas e profetizas.

É um processo comum e muito antigo. Percebemos isso na leitura que se faz de todos os heróis e heroínas da fé. Retiram toda a sua humanidade, indo muita das vezes até contra os próprios relatos dos textos, a fim de instrumentalizar a imagem dessas pessoas que na maioria das vezes não eram “santinhas”.

Uma dentre essas tantas figuras é o Dr. Martin Luther King Jr. Se você for agora e perguntar pra qualquer evangélico, por mais senso comum que ele seja, vai dizer que Martin Luther King era um pastor “abençoado”.

E em última análise do termo “abençoado”, de fato, King o era.

Mas a nossa tradição adestrou um marginal. Assim como fizeram com Jesus de Nazaré, preso político assassinado pelo Império Romano no primeiro século.

Essa semana, completaram-se 49 anos que Dr. King faleceu, e parece que seu grito e seus discursos, apesar de tudo, ainda ecoam em nossas mentes e corações. 

Mas isso precisa ser disseminado, pois ao contrário do que nós aprendemos, pregar a Boa Nova também é levar ao conhecimento de cristãos e cristãs, negros e brancos, as palavras de MLK. Hoje, especificamente nos países colonizados, suas palavras são extremamente necessárias para que a Igreja se enegreça e estenda a destra da justiça para todos e todas. É no hoje, que devemos invocar o Espírito de Deus, para que todos e todas venham conhecer a Deus, que também é justiça (Jr 22: 16).

Se faz cada dia mais urgente que espalhemos o sonho. Espalhemos em tom de indignação e inconformismo, espalhemos com voz de protesto e de intervenção. ESPALHEMOS! 

É por King, é por Maria Eduarda, por Amarildo, por Rafael Braga e por tantos outros que são assassinados todos os dias que precisamos espalhar o sonho. 

Ainda temos um sonho.

E o topo da montanha é o lugar de onde olhamos nossa terra, nosso sonho. 

Olhamos, desejamos, e em nome do Deus da justiça, iremos conquistá-la.

Abaixo, um trecho do discurso “Para além do Vietnã: hora de quebrar o silêncio”, de Martin Luther King, Jr., também conhecido como o sermão da Igreja Riverside, no dia 4 de Abril de 1967:




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