O porquê das eleições diretas já

Todos reconhecem que estamos mergulhados numa profunda crise, das mais graves de nossa história, porque recobre todos os âmbitos da vida social e particular. O fato da crise signfica que perdemos as estrelas-guia e nos encontramos num voo cego, sem saber para onde vamos. Ninguém hoje pode dizer o que será o Brasil nos próximos meses. Por isso não é verdadeira a afirmação de que as instituições estão funcionando. Se funcionassem não haveria crise. Elas funcionam para alguns e para outros são completamente disfuncionais, especialmente, para a grande maioria do povo, vítima de reformas sociais que vão contra seus anelos mais profundos e, pior, que implicam a retirada de direitos e de conquistas históricas, como previstas  nas reformas trabalhista e previdenciária.
O fato é agravado pela ilegitimidade do Presidente, cuja legalidade  é discutida e para muitos, consequência de um golpe parlamentar por trás do qual se ocultam, como em  outras ocasiões, as oligarquias econômicas e os endinheirados rentistas que controlam grande parte da economia nacional e que veem ameaçada a  sua acumulação perversa.
Ninguém pode negar que estamos mergulhados  num caos político que se revela pelo esgarçamento dos limites dos três poderes da república, um invandindo a esfera do outro. Os procuradores, os juizes e as forças policiais que operam a Lava Jato passam por cima de preceitos constitucionais, alguns sagrados em todas as tradições jurídicas desde o tempo do Código  de Hamurabi (1772 a.C) que é a pressunção de inocência. As investigações da Lava Jato e as delações premiadas puseram à luz do dia o que grassava há dezenas de anos: a rede de corrupção que tomou conta do Estado, das grandes corporações e dos parlamentares, em sua  maioria eleitos pelas grandes empresas, representando mais os interesses delas e  menos os do povo.
Chegamos a um ponto crítico  que temos à frente do poder executivo um Presidente acusado de corrupção, cercado de ministros, em grande parte denunciados e corruptos. Tanto o  parlamento quanto o Presidente perderam totalmente a credibilidade que se revela pelos baixíssimos indices de aprovação popular.
O Presidente não mostra nenhuma grandeza, vítima da própria mediocridade e ilimitada vaidade. Aferra-se ao poder, sabendo da desgraça que isso representa para o povo e a desmoralização completa da atividade política. Caso renuncie ou perca o cargo no processo no TSE, invoca-se o artigo 81 da Constituição – que não é cláusula pétrea como querem alguns – que prevê a eleição indireta do Presidente pelo Congresso.
Das ruas e de todos os estratos vem a grita: que legitimidade possui um congresso, quando grande parte dele é constituída por denunciados por crimes de corrução? Cresce dia a dia o reclamo por eleições diretas já, não só do Presidente mas também de todos os parlamentares. Portanto eleições diretas gerais e já.
Quando vigora um caos politico e sem lideranças com capacidade de mostrar uma direção, a solução mais sensata é voltar ao primeiro artigo da constituição que reza:”todo poder emana do povo”. Ele constitui o sujeito legítimo do poder político, o detentor da verdadeira soberania. Todos os eleitos são representantes legitimados por este poder. Como  diz o conhecido jurista Nicola Matteucci da Universidade Bolonha:”A soberania  é um poder constituinte, o verdadeiro poder último, supremo, originário… que se manifesta somente quando é quebrada a unidade e  coesão social”(Dicionário de Política, Brasília 1986, p.1185).
Ora, nós estamos diante da quebra da unidade  e da coesão social. Não há mais nada que nos una, nem nos partidos, nem na sociedade. Tudo pode ocorrer como uma exploção social violenta, não excluida uma intervenção militar, já ensaiada nas manifestações populares de Brasília no dia 25 de maio.
Quando ocorre tal caos social, é a soberania popular que deve ser invocada e fazer-se valer. Esta esta é prévia à constiuição que prevê eleições apenas em 2018. Aqui está a base para se convocar eleições diretas já. Nossa constituição está coberta de band-aids, tantas foram as emendas que equivalem quase a metade de seu texto. Uma nova emenda constitucional está sendo preparada que prevê a antecipação das eleições gerais ainda para este ano. Estas não poderiam ser apenas do Presidente, mas de todos os representantes politicos.
Que autoridade teria um Presidente, eleito indiretamente, ou mesmo, diretamente,  mantido o atual Parlamento, eivado de má vontade e desmoralizado pelas acusações de corrupção? Junto a esta eleição direta, viria uma reforma política mínima que introduzisse a cláusula de barreira partidária e regulasse as coligações para evitar um presidencialismo de coalizão que favoreceu a lógica das negociatas e da corrupção e por isso não é mais recomendável. Esse caminho seria o mais viável e precisamos apoiá-lo.
Leonardo Boff é teólogo e filósofo e articulista do JB on line

Quem matou o delegado que abriu inquérito sobre morte de Teori Zavaski?

O delegado da PF, Adriano Antonio Soares, foi morto a tiros em um bar em Florianópolis. Adriano foi o delegado responsável pela abertura do inquérito sobre o acidente aéreo que vitimou o ministro Teori Zavascki.
Foi assassinado Adriano Antonio Soares, delegado designado pela Polícia Federal para investigar o acidente de avião que matou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki. O crime aconteceu na madrugada desta quarta-feira (31/5).
Adriano Antonio Soares, 47 anos, estava com Elias Escobar, 60, que também era delegado. Os dois foram mortos a tiros depois de um desentendimento em um bar em Florianópolis (SC), segundo reportagem do jornal Zero Hora

O suspeito de atirar nos dois delegados é um comerciante local. Ele também foi baleado, mas não morreu e está internado. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, com apoio da Polícia Federal.
De acordo com informações da Polícia Militar divulgadas à imprensa, a ocorrência foi registrada 2h da madrugada.
Adriano era o chefe da Polícia Federal em Angra dos Reis desde 2009 e era delegado da PF desde 1999. Elias chefiou a PF em Niterói e em Volta Redonda, investigando o envolvimento de policiais civis com o tráfico de drogas e ação de milícias.
Os dois viajaram a Florianópolis para participar de um curso. Estavam em uma casa noturna do bairro Estreito quando aconteceu o tiroteio, mas não estavam trabalhando.
Zavascki, 68 anos, morreu em 19 de janeiro de 2017. O ministro era relator do processo da Lava Jato no STF e ia retirar o sigilo de 900 depoimentos. Ia também homologar as 77 delações da Odebrecht.
Investigado desde 20 de janeiro, o acidente aconteceu em Paraty (RJ). Havia outras quatro pessoas junto do ministro.
Para a investigação, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) analisa o áudio registrado pelo gravador de voz da cabine do piloto, que fica na caixa-preta, o GPS e os destroços do avião.
Não há prazo para concluir a investigação. O objetivo é apurar se houve algum tipo de sabotagem ou se foi, de fato, um acidente.
Em sua página pessoal no Facebook, o filho de Teori, Francisco Prehn Zavascki, escreveu que a família sofria ameaças. A publicação é de maio de 2016:


Em nota a imprensa, PF informou que o delegado assassinado apenas abriu o inquérito sobre a morte de Teori.
Leia a íntegra da nota abaixo:
“A Polícia Federal lamenta a morte de dois delegados, ocorrida na madrugada de hoje (31/05) em Florianópolis/SC. Os dois atuavam em Angra dos Reis e Niterói, respectivamente, e estavam na cidade participando de uma capacitação interna.
O falecimento dos policiais decorreu de uma troca de tiros em um estabelecimento na capital catarinense.
Neste momento de imensa tristeza, a Polícia Federal expressa suas condolências e solidariedade aos familiares e amigos enlutados.
Sobre informações que relacionam um dos policiais mortos à investigação do acidente aéreo que vitimou o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, a PF esclarece que o inquérito que apura o caso encontra-se em Brasília/DF, presidido por outro delegado, e apenas foi registrado em Angra dos Reis, local do fato.
Divisão de Comunicação Social
Polícia Federal”

Menos cinismo com a democracia


Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Adversários das Diretas-Já poderiam contribuir para a criação de um ambiente político menos indecente se evitassem fazer do cinismo seu argumento principal.

Você sabe do que se trata. Sempre que se discute, na GloboNews ou numa mesa de bar, a possível queda de Michel Temer da presidência, assiste-se a uma cena previsível. 

Os adversários das diretas-já - muito mais numerosos na GloboNews do que nos botequins - fazem expressão de simulada sabedoria, com gravidade na voz, para lembrar que, quando se trata de cumprir um mandato presidencial num período inferior a dois anos, o artigo 81 da Constituição prevê eleição indireta. O tom é de quem acabou de ouvir uma revelação divina, à qual os presentes devem render-se de cabeça baixa. Será que isso encerra o debate?

Claro que não.

A Reforma da Previdência, principal batalha política da coalização golpista, também contraria a Constituição. Para ser aprovada, o governo terá de conseguir três quintos dos votos da Câmara e do Senado. Isso não tem impedido o Planalto travar uma batalha desleal e sangrenta, onde as chantagens se multiplicam, para garantir que seja aprovada de qualquer maneira. Alguém se lembrou de seu caráter inconstitucional? 

Emenda que criou o teto dos gastos contrariava a carta de 1988 e só foi aprovada porque, pagando a conta do apoio do mercado ao golpe, Temer-Meirelles conseguiram os votos necessários. Em vários estágios de preparação, a coalizão já possui outras três emendas constitucionais no forno.

Para racionalizar o debate, é bom lembrar um dado crucial. A Constituição já foi emendada 105 vezes de 1988 para cá. Um placar significativo, numa carta com 250 artigos e 80 emendas. 

Outro aspecto ajuda a demonstrar que o esforço para sacralizar um debate político não passa de uma tentativa de fugir de uma discussão necessária sobre os fundamentos democráticos de nosso regime político. Envolve aquilo que os estudiosos definem como "espírito" da Constituição.

Não há nenhum valor sobrenatural aqui. São aquelas verdades que não foram escritas, mas transparecem a partir de uma interpretação lógica e honesta do texto, necessária quando surge um contexto novo -- como agora -- para discutir uma decisão já envelhecida. 

A prova de que a urna é um instrumento essencial da Carta de 88, uma noção fortíssima, se encontra no parágrafo 4 do artigo 60. Ali são listadas as únicas quatro clausulas pétreas, aquelas que não podem ser modificadas nem por emenda constitucional. Não por acaso, a primeira é o "voto direto, secreto e universal". (As outras são a Republica Federativa, a separação dos Poderes, os direitos e garantias individuais). A Constituição também diz que o voto deve ser "periódico". Um traço que cabe recordar agora, quando se recorda que a escolha do sucessor de Temer, pelo Congresso, representa uma segunda ilegitimidade acumulada. 

(O mesmo "espírito da Constituição" permite apontar o caráter estranho, constitucionalmente incoerente, da proposta de reforma da Previdência e da emenda que congelou os gastos públicos por 20 anos. No artigo terceiro, a Constituição emprega termos absolutos, como "erradicação" da miséria, da pobreza e a desigualdade, para definir seus "objetivos fundamentais". Também inclui o "desenvolvimento nacional" -- incompatível com o congelamento de gastos públicos -- como um "objetivo fundamental" da República. Isso significa que mesmo um governo perversamente reacionário como Temer-Meirelles têm obrigação constitucional zelar pelos mais pobres e para regiões menos desenvolvidas, em vez de entregar os direitos dos trabalhadores e as riquezas nacionais para aventureiros de todo tipo). 

O debate, como se vê, é político e assim deve ser encarado. Quem combate a realização de diretas-já se esconde atrás de artigo da Constituição -- sujeito a mudanças por decisão do Congresso -- para escapar do constrangimento de dizer, em público, que não quer que a população tenha o direito de escolher o presidente. Num país onde o desprestígio do Congresso atingiu um patamar de abismo, essa é uma postura de alto risco, em qualquer ambiente.

No Brasil de 2017, seu sentido é ainda mais escancarado. Admite-se a queda de Temer - desde que as reformas sigam seu curso, intocáveis. O cálculo é simples: mesmo que uma chapa João Pedro Stédile-Guilherme Boulos seja eleita em 2018, pouco poderão fazer - pois terão as mãos amarradas.

Como se sabe, os adversários da democracia trabalham sem descanso - inclusive no futuro. 

Em conversas com pessoas de convicções democráticas reais, é possível ouvir um receio justificado. Teme-se que Temer (ou Tremer, como tem sido frequentemente designado, por razões políticas óbvias) até possa cair. A pergunta é como garantir a realização de diretas, a seguir.

Minha opinião é a seguinte. Ninguém pode adivinhar como uma nação de 200 milhões de habitantes, que enfrenta o pior desemprego de sua história e um processo criminoso de empobrecimento irá reagir diante da queda de um presidente que se tornou alvo de desprezo e raiva num grau que nunca se viu antes.

Sempre será possível encontrar profetas capazes de dizer que tudo seguirá igualzinho ao que se passava na véspera. Neste cenário, todos ficarão bem comportados em casa, sentados diante da TV Globo, até que o presidente da Câmara (como ele se chama mesmo?) anuncie o nome do novo presidente. É o retorno do retorno. Novelinha que não dá nem Netflix.

Outra hipótese é de um momento de vitória e júbilo, num desses processos históricos que só o movimento de trabalhadores e da população sabe construir, que se forma quando luta política atinge um patamar tão alto pode ser traduzido pela boa poesia que vez por outra aparece em nossa música popular - como a festa anunciada em Porta Estandarte, de Geraldo Vandré. Minha opinião é que é preciso estar preparado para isso, inclusive debatendo caminhos legais como a emenda já em discussão na Câmara. Cabe, na verdade, entender a lição de um verso de Vandré naquela música, lançada em 1979, quando já era possível enxergar luzes da democracia no pesadelo da ditadura: 

"Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção/

para que o povo cantando teu canto ele não seja em vão." 

Essa é a discussão.

Serraglio, o "bosta", bagunça plano de Temer

Serraglio, o "bosta", bagunça plano de Temer

Por Altamiro Borges

O jornal paranaense Gazeta do Povo revelou nesta terça-feira (30) que Osmar Serraglio - "um bosta do caralho", segundo definição do cambaleante Aécio Neves em áudio vazado de uma conversa com Joesley Batista, dono da JBS - não aceitou o convite do moribundo Michel Temer para ser o novo ministro da Transparência do covil golpista. Defecado neste domingo do Ministério da Justiça, ele parece que decidiu complicar os planos da quadrilha que assaltou o poder. A manobra visava retirá-lo do cargo para abafar as denúncias de corrupção que pesam contra o usurpador e o grão-tucano e, ao mesmo tempo, garantir foro privilegiado ao deputado Rocha Loures, o "homem da mala" de Michel Temer. A rejeição do convite pode acelerar a "delação premiada" do amiguinho do Judas.

Segundo a notinha do jornal Gazeta do Povo, "o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio, demitido no domingo, recusou o convite do presidente Michel Temer para assumir o Ministério da Transparência. Com a decisão, Osmar Serraglio deve reassumir o mandato na Câmara dos Deputados pelo PMDB do Paraná, o que afetaria o foro privilegiado do ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Filmado recebendo R$ 500 mil de propina da JBS (supostamente a pedido de Temer), Rocha Loures é suplente de Serraglio na Câmara, e perde o cargo".

Já a Folha tucana, que faz de tudo para blindar Michel Temer, revelou nesta semana que o parlamentar ainda vacilava na ideia da delação premiada. "O advogado Cezar Bittencourt, que assumiu nesta segunda-feira (29) a defesa do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), afirmou à Folha que a hipótese de seu cliente negociar um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal 'é a última opção' que poderia ser adotada por ele. 'Eu não penso nisso, nem ele', diz Bittencourt. "Concretamente, se o último recurso que ele precisar usar for esse [delação premiada], eu vou ter que iniciar uma conversação [com os procuradores]. Mas essa não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta, nem a quinta opção. É a última, diz o criminalista".

A inesperada decisão do "bosta do caralho" - segundo, repito, Aécio Neves - talvez altere a postura de Rocha Loures, que é tido como um deputado frágil. Se o "homem da mala", que foi assessor especial de Michel Temer, resolver abrir a bico, a situação pode se complicar ainda mais para o usurpador. Ele não seria apenas deposto do cargo ilegítimo, mas poderia até ir direto para a cadeia. A conferir!

Armas dos EUA e Israel são confiscadas por exército sírio


Armas dos EUA e Israel são confiscadas por exército sírio após expulsão de terroristas

Autoridades e unidades de engenharia do exército sírio encontraram nesta quinta-feira (25) mísseis fabricados pelos Estados Unidos, vários morteiros de Israel e uma enorme quantidade de munição no bairro de al-Waer, na cidade de Homs, enquanto faziam uma varredura após terem expulsado terroristas- possivelmente do Estado Islâmico e frente Al-Nusra – da região.


Segundo informações do repórter que fez a cobertura para a Syrian Arab News Agency as unidades foram apreendidas dentro dos centros de comando dos terroristas e correspondem a mísseis B10 e LAW, um míssil Cobra, foguetes Katyusha e RPG.

Durante a operação também foram encontrados, cartuchos de morteiros israelenses da IDE (empresa israelense de tecnologia), lançadores de foguetes, máscaras de proteção, binóculos, rifles sniper, fuzis automáticos e grande quantidade de munições e coletes.

Há outras provas da cooperação entre Estados Unidos e Israel com os terroristas na Síria


Em fevereiro de 2016 o Panorama Livre reportou o confisco de uma grande carga de minas letais israelenses, anti-humanas e anti-veículos, em posse do Estado Islâmico. O flagrante se deu no sul da província de Sweida e na ocasião os caminhões apreendidos pelo Exército Sírio também estavam carregados com foguetes, artilharia e morteiros, munições de luz, balas de fuzil e um grande número de granadas.

Já em abril de 2016 outra apreensão, desta vez em As-Suwayda, capturou veículos que carregavam mais minas letais israelenses, além de morteiros, RPGs e granadas – o detalhe é que o armamento continha instruções em hebraico, sobre como manejar as armas.

Entretanto, o caso mais emblemático se deu em setembro do ano passado quando três mísseis Kalibr disparados pela marinha russa destruíram um centro de comando do Estado Islâmico, na região de Aleppo, na Síria, matando cerca de trinta oficiais, israelenses, britânicos, americanos, turcos, catares e sauditas. Tais oficiais dirigiam operações ao lado de grupos terroristas na região. O caso se deu antes de Aleppo ser libertada o que ocorreu em dezembro de 2016.

Referência: SANA

Carta da Terra

Prof. Mauro Magalhães

A imagem pode conter: texto


O que é A Carta da Terra

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Ela é estruturada em quatro grandes tópicos:

1. Respeito e cuidado pela comunidade da vida 
2. Integridade Ecológica 
3. Justiça Social e Econômica
4. Democracia, não-violencia e paz.

A Carta busca inspirar as pessoas e diferentes setores da sociedade para um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança, mas também um chamado à ação.
Sobre a sua historia, em 1987 a Comissão das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, através do documento “Nosso Futuro Comum”, recomendou a redação de uma nova carta sobre o desenvolvimento sustentável com o objetivo de ajudar a construir no século 21 uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.
Em 1992, em um evento paralelo da Cúpula da Terra - Eco-92 - realizada no Rio de Janeiro, foi elaborada a primeira versão da carta. Após oito anos em um processo participativo em todos os continentes, que contou com a contribuição de milhares de pessoas de todas as raças, credos, idades e profissões, incluindo especialistas em ciências, filosofia, ética, religiões e leis internacionais, a versão final foi lançada no Palácio da Paz em Haia em 29/06/2000 quando também foi assumida pela Unesco.



A CARTA DA TERRA
PREÂMBULO 

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. 

Terra, Nosso Lar 
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. 

A Situação Global 
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. 

Desafios Para o Futuro 
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes. 

Responsabilidade Universal 
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem- estar da família humada e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relaçao ao lugar que ocupa o ser humano na natureza. 

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada. 

PRINCÍPIOS 

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

  • 1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
    • a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
    • b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
  • 2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
    • a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
    • b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção do bem comum.
  • 3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
    • a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
    • b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
  • 4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
    • a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
    • b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, a longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.

Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessario: 

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

  • 5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
    • a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
    • b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
    • c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.
    • d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.
    • e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de formas que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.
    • f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.

  • 6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
    • a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva.
    • b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.
    • c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas consequências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indiretas e de longo alcance.
    • d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
    • e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

  • 7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
    • a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
    • b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento.
    • c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis.
    • d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.
    • e. Garantir acesso universal a assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
    • f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

  • 8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.
    • a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
    • b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
    • c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

  • 9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
    • a .Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não- contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.
    • b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter- se por conta própria.
    • c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.

  • 10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimeto humano de forma eqüitativa e sustentável.
    • a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
    • b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas.
    • c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
    • d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

  • 11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência desaúde e às oportunidades econômicas.
    • a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
    • b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
    • c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.

  • 12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
    • a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
    • b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.
    • c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
    • d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ

  • 13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.
    • a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
    • b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões.
    • c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição.
    • d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
    • e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
    • f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus própios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

  • 14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
    • a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
    • b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
    • c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais.
    • d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.

  • 15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
    • a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de desofrimentos.
    • b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
    • c.Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

  • 16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.
    • a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
    • b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
    • c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não- provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
    • d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
    • e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.
    • f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE 

Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. 

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria. 

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não- governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. 

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento. 

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade,



A fome como desafio ético e espiritual

Nada mais humanitário, social, politico, ético e espiritual que saciar a fome dos pobres da Terra.
Um mistico medieval da escola holandesa John Ruysbroeck (1293-1381) bem disse: “Se estiveres em êxtase diante de Deus e um faminto bater em sua porta, deixe o Deus do êxtase e vá atender o faminto. O Deus que deixas no êxtase é menos seguro do que o Deus que encontras no faminto”.
Jesus mesmo, encheu-se de compaixão e saciou com pão e peixe a centenas de famintos que o seguiam. No núcleo central de sua mensagem se encontra o Pai Nosso e o Pao Nosso, na famosa oração do Senhor. Somente está na herança de Jesus quem mantem sempre unidos o Pai Nosso com o Pão Nosso. Só esse poderá dizer Amém.
Os níveis de pobreza mundial são estarrecedores. Segundo a Oxfam que anualmene mede os níveis de desigualdade no mundo, concluiu em janeiro de 2017 que somente 8 pessoas possuem igual renda que 3,6 bilhões de pessoas, quer dizer, cerca da metade da humanidade. Tal fato é mais que a palavra fria “desigualdade”. Ético-politicamente traduz uma atroz injustiça social e, para quem se move no âmbito da fé judaico-cristã, esta injustiça social representa um pecado social e estrutural que afeta Deus e seus filhos e filhas.
A pobreza é sistêmica, pois é fruto de um tipo de sociedade que tem por objetivo acumular mais e mais bens materiais sem qualquer consideração humanitária (justiça social) e ambiental (justiça ecológica). Ela pressupõe pessoas cruéis, cínicas e sem qualquer sentido de solidariedade, poranto, num contexto de alta desumaniação e até de barbárie. Causa-nos profunda tristeza o fato de termos que viver dentro de um sistema que só sobrevive à condição de que o dinheiro produza mais dinheiro, não para termos mais  vida senão apenas mais riqueza.
No Brasil, por mais que se tenha feito, tirando o país do mapa da fome, existem ainda 20 mihões vivendo em extrema pobreza. Com seu programa “Brasil carinhoso” a presidenta legítima Dilma Rousseff se propunha tirar esta multidão desta situação desumana.
São múltiplas as interpretações que se dão à pobreza. A mim é esclarecedora a posição do prêmio Nobel de economia, o indiano Amartya Sen que criou a economia solidária. Para ele a pobreza, inicialamente, não se mede pelo nível de ingressos, nem pela participação dos bens e serviços naturais. O economista define a pobreza no marco do desenvolvimento humano que consiste na ampliação das liberdades substantivas, como as chama, vale dizer, a possibilidade e a capacidade de produzir e realizar o potencial humano produtivo de sua própria vida. Ser pobre é ver-se privado da capacidade de produzir a cesta básica ou de aceder a ela. Desta forma sente negados os direitos de viver com um mínimo de dignidade e com aquela liberdade básica de poder projetar seu próprio caminho de vida.
Esse desenvolvimento possui um eminente grau de humanismo e de uma decidida natureza ética. Daí o título de sua principal obra se chamar “Desenvolvimento como liberdade”. A liberdade aqui é entendida como liberdade “para” ter acesso ao alimento, à saúde, à educação, a um ambiente ecologicamente saudável e à participação na vida social e a espaços de convivência e de lazer.
A Teologia da Libertação e a Igreja que lhe subjaz nasceu a partir de um acurado estudo da pobreza. Pobreza é lida como opressão. Seu oposto não é a riqueza, mas a justiça social e a libertação.
Distinguiamos três tipos de pobreza. A primeira é aquela dos que não têm acesso à cesta básica e aos serviços sanitáros mínimos. A estratégida tradicional era fazer com que os que têm, ajudem aqueles que não têm. Daí nasceu uma vasta rede de assistencialismo e paternalism. Ajuda pontualmente os pobres mas os mantém na dependêmcia dos outros.
A segunda leitura do pobres afirmava que o pobre tem, possui inteligência e capacidade de professionalizar-se. Com isso é inserido no mercado de trabalho e arranja sua vida. Essa estratégia politicamente não se dá conta do caráter conflitivo da relação social, mantendo o saído da pobreza dentro do sistema que continua produzindo pobres. Reforça-o inconscientemente.
A Terceira interpretação parte de que o pobre tem e quando conscientizado dos mecanismos que o fazem pobre (são empobrecidos e oprimidos), se organizam, projetam um sonho novo de sociedade mais justa e igualitária, transformam-se numa força histórica, capaz de, junto com outros, dar um novo rumo à sociedade. Desta percpectiva nasceram os princpais movimentos sociais, sindicais e outros grupos conscientizados da sociedade e das igrejas. Destes podem-se esperar transformações sociais.
Por fim, para uma percepção da fé bíblica, o pobre sempre será a imagem desfigurada de Deus, a presença do pobre de Nazaré, crucificado que deve ser baixado da cruz. E por fim, no entardecer da história universal, os pobres serão os juizes de todos, porque, famintos, nus e aprisionados, não foram reconhecidos como a presença anônima do próprio Juiz Supremo face ao qual, um dia, todos compareceremos.
Leonardo Boff é articulista do JB on line e escreveu”Paixão de Cristo, paixão do mundo”, Vozes 2001.
https://leonardoboff.wordpress.com/2017/05/14/a-fome-como-desafio-etico-e-espiritual/

A guerra mercenária no Iêmen

Tropas iemenitas aniquilam todo contingente sudanês pago pela Arábia Saudita
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Arábia Saudita desencadeou uma onda de mercenários africanos inexperientes sobre o Yemen devastado pela guerra em uma tentativa de derrotar o governo liderado pelo Houthi com sede em Sanaa.
Na segunda-feira, os Comitês Populares dizimou mais de cem militantes apoiados pelos Sauditas, em sua maioria combatentes estrangeiros do Sudão, em meio a confrontos na província costeira de Midi, que faz fronteira com a Arábia Saudita.
Segundo uma fonte militar, dezenas de veículos militares foram destruídos e toneladas de armamento capturado em um ataque dito ser uma das operações mais bem sucedidos este ano.
Com forças sauditas apoiado caindo como moscas no campo de batalha, as tropas lideradas pelos Houthi estão à beira de recuperar totalmente província Midi. No entanto, os confrontos ainda estão em curso na capital da província, enquanto a Arábia Saudita controla porta Midi.
Arábia Saudita é declaradamente cansado de implantação de muitos de suas próprias tropas através da fronteira depois de contingentes Houthi mataram cerca de 130 Forças Terrestres real Saudita (KSA) em 2017 sozinho.

Efetivamente, o Golfo Unido está confiando cada vez mais em combatentes estrangeiros pagos para fazer o seu trabalho sujo no Iêmen.

CHINA ANUNCIA NOVA ROTA DA SEDA; TEMER NÃO COMPARECE

Rússia se aproxima da Coreia do Norte

Apesar dos esforços das Nações Unidas para impor sanções ao regime norte-coreano, em resposta ao contínuo desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais, o comércio entre a Rússia e Coreia do Norte cresceu mais de 85% nos primeiros três meses do ano.
Citando dados aduaneiros russos, a emissora Voice of America relatou que o comércio bilateral subiu para 31,83 milhões de dólares no trimestre de janeiro a março. Produtos de energia compõem a grande maioria das exportações russas para a Coreia do Norte.
Isso inclui 22 milhões de dólares em carvão, lignito no valor de cerca de 4,7 milhões de dólares, e petróleo, em valor estimado em 1,2 milhão de dólares. Já as exportações norte-coreanas para a Rússia foram estimadas em 420 mil dólares. As exportações mais significativas foram de produtos químicos e – curiosamente – instrumentos de sopro.
Em contraste, o comércio da Coreia do Norte com a China, tradicionalmente o mais importante parceiro econômico, despencou. As exportações de carvão de Pyongyang para a China em março chegaram a 6.342 toneladas, uma fração do 1,44 milhão de toneladas enviadas para a China em janeiro, com valor estimado de 126,39 milhões de dólares.
Da mesma forma, Pequim interrompeu o abastecimento de óleo combustível, criticamente necessário para a Coreia do Norte, em uma clara demonstração de descontentamento da China com os testes de armas em curso da Coreia do Norte.
A divulgação das estatísticas detalhando o crescimento do volume de comércio da Rússia com a Coreia do Norte coincide com a declaração do presidente Vladimir Putin de segunda-feira (15/05). Ela afirmou que o mais recente lançamento de mísseis de Pyongyang é “perigoso”, mas que, deve-se “parar de intimidar a Coreia do Norte e encontrar uma solução pacífica para este problema.”
James Brown, professor de relações internacionais do campus de Tóquio da Universidade Temple, acredita que parte do comércio transfronteiriço possa ser “oportunismo econômico”, mas que a motivação, em grande parte, é geopolítica.
“A Rússia está muito preocupada com o isolamento da Coreia do Norte e considera que ele torna a situação perigosa, pelo fato de os EUA estarem tomando uma abordagem de confronto”, avalia. “O ponto de vista de Moscou é que a pressão sobre a Coreia do Norte não funcionou e, na verdade, fez com que Pyongyang reaja, porque se sente ameaçado. Então, ao invés de isolamento, que não está funcionando, a Rússia está propondo colaboração.”
Nova rota marítima
O exemplo mais recente deste suporte a Pyongyang é o plano de abrir uma rota entre a Coreia do Norte e o porto de Vladivostok, no extremo oriente russo, embora a proposta tenha sido adiada devido a fortes protestos do Japão.
Em 2014, a Rússia anunciou ter perdoado 10 bilhões de dólares da dívida de 11 bilhões de dólares da Coreia do Norte originada na era soviética, e que o restante 1 bilhão de dólares será investido de volta no país. Investidores russos também concordaram em injetar 25 bilhões de dólares no defasado sistema ferroviário norte-coreano e investir outro tanto em infraestrutura básica. Os dois governos também anunciaram que a Rússia vai reconstruir a rede de energia norte-coreana, enquanto os dois países vão desenvolver o porto norte-coreano de Rason para embarcar as exportações de carvão russo.
No total, a Rússia planeja aumentar o comércio bilateral em quase dez vezes, para 1 bilhão de dólares em 2020, e isso parece não ter sido prejudicado pelas sanções mais recentes da ONU. Mas Putin também é motivado por preocupações de segurança no extremo oriente da Rússia, acredita Brown.
“Moscou sempre esteve preocupada se o sistema de mísseis de defesa que os EUA está implantando na região – o sistema Thaad na Coreia do Sul, e o Japão está discutindo para receber o sistema de defesa antimísseis Aegis – está mais voltado contra seus interesses do que contra os da Coreia do Norte”, argumenta.
Daniel Pinkston, professor de relações internacionais no campus de Seul da Troy University, acredita que o Kremlin – que está em desacordo com a comunidade internacional sobre a Ucrânia e foi acusado de interferir em uma série de eleições, incluindo nos EUA e na França – pode estar forjando laços mais estreitos com Pyongyang para semear mais confusão entre os seus inimigos.
“Putin parece ter adotado uma tática de terra arrasada em relação à ordem internacional liberal. Então, qualquer coisa que sirva para minar instituições, como a Otan, a União Europeia ou a democracia em geral, vale a pena”, diz Pinkston. “Ele tem a intenção de criar instabilidade de uma forma que sirva aos interesses russos e este tipo de guerra híbrida, de múltiplas frentes, serve para minar os EUA e seus aliados. A Coreia do Norte se encaixa perfeitamente nessa agenda, porque causa problemas para Washington, mantém os EUA amarrados, drena seus recursos e provoca atrito com aliados na região.”
Fonte: DW