Al Janiah, o restaurante comandado por refugiados no centro de São Paulo

As mesas estão todas ocupadas. No bar, os pedidos de mate limão, e cerveja gelada ocupam as mãos de um dos palestinos refugiados que fazem parte da Ocupação Leila Khaled, Ahmad Jamal. Na cozinha, Mohamad Othman e Mohamad Isa comandam as especialidades árabes, falafel, tabule, esfiha, shawarma. No meio desse agito, Hasan Zarif, 41 anos, filho de refugiados palestinos, interrompe a entrevista algumas vezes para checar a cozinha, ver se os voluntários precisam de ajuda para se comunicar com os refugiados (que não falam muito português), ver como estão as coisas no bar e com os clientes. Enquanto isso, eu e Eva Bella, fotógrafa voluntária do Adus – Instituto de Reintegração do Refugiado, aproveitamos para provar um dos melhores falafel que já comemos: sequinho e crocante.
Quando retomamos a entrevista, ele admite que o trabalho não é fácil. Apesar de cansado, Hasan possui uma mistura de energia que faz o lugar funcionar perfeitamente mesmo sendo recém-lançado (a inauguração foi no dia 15 de janeiro). “Nós só fechamos quando o último cliente vai embora”, garante.
Mohamad Othman e Abu Thaer na cozinha do Al Janiah” width=
Hasan tinha motivos de sobra para montar o empreendimento: ele produz cerveja artesanal, costuma dar festas na sua casa e reunir seus companheiros de militância. “E por que não reunir pessoas ligadas a relações internacionais, as que se interessam pelo Oriente Médio, pessoas que queiram discutir sobre os problemas da nossa cidade ou aquelas que só estão à procura de um lugar boêmio?”. Tudo embalado com música, comida tradicional árabe e uma boa cerveja gelada.
Mohamad Othman prepara as delícias servidas no Al Janiah” width=
Para quem quiser acompanhar a programação, é só dar uma olhada no movimento no Facebook do restaurante. Nascia então o Al Janiah, nome que faz referência a um vilarejo na Cisjordânia que é parte dos territórios palestinos ocupados por Israel. “O que está acontecendo aqui é muito importante para a integração dos brasileiros com os palestinos e os sírios. Aqui no Al Janiah ela é completa. Vem da música árabe, da língua, da decoração – que ainda está sendo produzida – e dos eventos, como filmes que serão transmitidos uma vez por mês e debates relacionados à questão dos palestinos.”

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